Uma história de Arte - Parte IV
- Carlos Bugni
- 22 de fev. de 2016
- 1 min de leitura

Eram tempos duros de militarismo, inflação, falta de liberdade civil e artística e de espaços de expressão. O alternativismo, resistência e até desobediência eram a forma de romper a repressão e opressão. Hoje, passados 30 anos, nos vemos voltando lamentavelmente à mesma situação. Repressão, aviltamento de direitos, perseguição à minorias e crise profunda. Vejo a juventude retornando ao gueto atrás de suas origens e seu espaço. Oprimidos, voltamos aos porões.
Naquele contexto a brasilidade rompia toda estrutura e se firmava com o engajamento, talento e genialidade do 'quarteto de ouro da MPB' da época, todos músicos completos com vastíssima e variada obra. Caetano Veloso, poeta sensível e genial, polêmico, autêntico, contemporâneo e sempre imprevisível musicalmente. Gilberto Gil, músico abrangente e criativo; letrista despojado, bem humorado, crítico e sempre atual; swing e brasilidade extrema. Chico Buarque, com sua forma única e genial de falar as coisas; perspicaz, crítico, atual, eclético e universal, tradutor preciso da psiquê popular. E por fim, Milton Nascimento, mestre desde o começo da estrada, voz única e divina; soube traduzir a realidade regional com precisão e suas canções sacras são de extrema emoção e sensibilidade.
Incomparáveis, visto o brilhantismo de suas obras, são unanimidade brasileira e estão na ativa e na boca do povo até hoje. De uma forma simplista, complementar e não exclusiva, pois todos têm em grau elevado essas virtudes, mas diria que para mim, Caetano é o mais poeta, Gil o mais músico, Chico o que eu mais gosto pela genealidade da obra e Milton o que mais me toca e emociona. Acrescento que esse 'score' é desempatado nos milésimos.
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